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Democratização do orçamento

 
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Democratização do orçamento
por Rosinalda Simoni - quarta, 29 nov 2017, 20:11
 

As iniciativas de democratização do orçamento, principalmente através da implantação do orçamento participativo, apresentam-se como uma das mais bem sucedidas formas de realização destes ideais democráticos na prática (HERINGER, 1999).

Discorramos sobre está afirmação com base nas experiências vivenciadas em nossos municipio/estado.

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Re: Democratização do orçamento
por Dinalva Freire Galvão - quarta, 29 nov 2017, 23:38
 

Ao longo desta década houve significativos avanços no que diz respeito à consolidação dos ideais democráticos no Brasil. Apesar da persistência de inúmeros fatores que contribuem para que esta realização esteja longe de se tornar plena, é possível observar o país hoje e avaliá-lo como mais democrático do que há dez ou quinze anos atrás, ao menos no que diz respeito aos aspectos institucionais.

As iniciativas de democratização do orçamento, principalmente através da implantação do orçamento participativo, apresentam-se como uma das mais bem sucedidas formas de realização destes ideais democráticos na prática.

O debate sobre orçamento público vem se tornando mais complexo ao longo dos últimos anos, à medida que diferentes grupos da sociedade aumentam sua participação no debate sobre a definição da alocação de gastos públicos, principalmente no âmbito municipal. Vários têm sido os avanços por parte de grupos comunitários, associações de bairro, entidades voltadas para o atendimento a crianças e adolescentes, organizações de mulheres, entre outras, em fazer valer suas demandas, através da presença na implementação do orçamento participativo.

Contudo, no campo do debate democrático e da implementação de ações destinadas à realização destas propostas, a dimensão racial e étnica ainda não foi incorporada como um dos fatores importantes para a democratização efetiva da sociedade brasileira. Enquanto vários outros grupos específicos foram capazes de fazer valer suas demandas e propostas no campo político e no debate orçamentário em particular, as organizações de defesa da população negra (preta e parda, segundo classificação oficial) e dos povos indígenas ainda se encontram bastante sub-representadas.

Tal ausência explica-se por motivações de ordem histórica que reforçam a interpretação corrente sobre uma suposta harmonia entre os diferentes grupos étnicos e raciais em nosso país, aliada a uma recusa em se examinar profundamente as causas da extrema desvantagem social a que está sujeita a grande maioria da população negra existente no país.


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Re: Democratização do orçamento
por Fernando Muller Pires Muller - sexta, 1 dez 2017, 00:34
 

A elaboração do planejamento orçamentário que implica na definição de projetos e ações prioritárias da administração pública não deve restringir-se apenas ao poder executivo mais deve ser ampliado para discussão junto aos clientes da gestão pública. O orçamento participativo consiste em um processo no qual a elaboração do orçamento é discutido e elaborado junto com a população, de forma que, estes elegem suas principais prioridades para utilização do recurso público. Aqui em Passo Fundo a participação se dá através das associações de bairros que se reúnem, discutem suas demandas e apresentam ao executivo.


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Democratização do orçamento
por Patricia Candida Alvim - sexta, 1 dez 2017, 14:53
 

A constituição Federal de 1988 abriu as portas do processo democrático no Brasil. Foi a partir desse período que tomou corpo no país a necessidade de proporcionar  uma maior influência do cidadão comum sobre as decisões do Estado, nesse sentido uma das principais práticas difundidas de participação popular na gestão pública se deu através do Orçamento Participativo.  Nessa Perspectiva, o presente artigo se propõe a realizar um estudo que abrangerá as origens do orçamento público, as diversas fases do orçamento no Brasil, marco legal até chegar ao orçamento participativo abordando-o como ferramenta para democratização do processo de planejamento governamental e de contribuição na melhoria da alocação dos investimentos públicos. 

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Democratização do orçamento
por Daniel Pereira De Araujo - sexta, 1 dez 2017, 15:17
 

Após períodos de crises econômicas diretamente relacionadas à falta de planejamento público, nota-se, recentemente, a preocupação em fortalecer a vinculação existente entre planejamento e orçamento. O país apresenta uma programação orçamentária voltada não só para o controle de gastos, mas também para a avaliação de resultados.

Com as alterações efetuadas no modelo de produção do orçamento, direcionaram-se os objetivos orçamentários para o plano governamental e a Lei de Diretrizes Orçamentárias, priorizando, a adequação das necessidades de realização de despesas à realidade restritiva de recursos imposta pela economia moderna.

A grande alteração no processo de elaboração foi à eliminação da prática já tão enraizada nas unidades orçamentárias de elaborar propostas pedindo o máximo de recursos possível, o que gerava um desequilíbrio nas contas do governo. Com as novas projeções de receitas, institui-se uma modelo onde cada unidade administrativa é contemplada com um montante de recursos cabíveis para o desenvolvimento de suas atividades e para novos projetos.

Com tais mudanças, o orçamento passou a ser peça estratégica para o controle financeiro, compatibilizando receitas e despesas em volume, dentro de um determinado período de tempo.


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Democratização do orçamento
por Daniel Pereira De Araujo - sexta, 1 dez 2017, 15:18
 

O orçamento participativo representa um foco de resistência ou um instrumento que pode ser enquadrado na proposta governamental de reforma administrativa e política, dependendo da postura de quem o esteja implantando. 

O orçamento participativo surgiu no Brasil no final dos anos 80, porém, muitos foram os fracassos que ocorreram ao longo desse período, o que propicia uma grande falta de informações sobre o assunto.

A experiência de maior sucesso no Brasil é a cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Esse tipo de modelo orçamentário sugere um diálogo entre as prefeituras e a população. As primeiras tratativas datam de 1978 a 1988 e comportam experiências precursoras, mas que não são e nem levam  o nome de orçamento participativo, porém possuíam características que dele se aproximavam.

Com o avanço político do Partido dos Trabalhadores (PT), há uma impulsão da metodologia de participação popular na elaboração do orçamento público municipal. Interessante notar que além de adotá-lo em diversas localidades do país, o PT preocupou-se em sistematizar a prática a partir de trocas de informações e de reflexões que foram amplamente difundidas.

Por fim, destaca-se o período compreendido de 1993 até os dias atuais, onde o PT continua a implementar o Orçamento Participativo num maior número de prefeituras e com mais experiência acumulada (ressalta-se que com as derrotas eleitorais sofridas nesse período, várias experiências iniciadas anteriormente foram interrompidas).

Este fato contribuiu para o aumento da visibilidade da metodologia, que ganhou vários destaques na imprensa e passou a ser objeto de estudos acadêmicos.

Importante notarmos que alguns fatores favoreceram a propagação, aceitação e adoção do Orçamento Participativo nesta fase, são eles:

a) A percepção de que o principio da participação popular foi consagrado pela Constituição Federal de 1988, que seria o marco histórico da democracia;

b) A implementação prática daquele princípio na gestão de várias políticas como, saúde, educação, do menor, etc. que passaram a ser definidas por Conselhos que têm assento e representantes na sociedade civil;

c) O sucesso do orçamento participativo de Porto Alegre;

d) A ideia favorável ao controle popular  para evitar a corrupção e mau uso do dinheiro público, bem como, o incentivo originado de documentos oficiais de várias agências multilaterais, como o FMI e a ONU.


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Re: Democratização do orçamento
por Silvio Pozzer Pozzer - domingo, 10 dez 2017, 22:55
 

A participação popular, em qualquer instância, é fundamental. Essa  premissa é parte da democracia. 

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Re: Democratização do orçamento
por Joaquim De Almeida Júnior Almeida Júnior - segunda, 11 dez 2017, 16:16
 
Vitória, capital do Espírito Santo, foi uma das primeiras cidades brasileiras a implantar a experiência de Orçamento Participativo (OP). Até hoje, nossa capital traz essa cultura de participação das comunidades na destinação do orçamento público. O atual prefeito Luciano Rezende (PPS) cuja administração está aliada ao PSB mantém a tradição histórica e tem fomentado a participação democrática das comunidades. Segue, abaixo, o roteiro da construção do orçamento na cidade de Vitória:

Fóruns Regionais Preparatórios: O primeiro momento de debate popular do Orçamento Participativo (OP) ocorre com os Fóruns Regionais Preparatórios, realizados em cada uma das oito regiões da cidade. Seu objetivo é promover o debate entre os bairros de uma região, na perspectiva de refletir sobre ações necessárias para o enfrentamento dos problemas em comum. Essa etapa busca fomentar um processo educativo para compreensão do OP como um instrumento de planejamento e gestão e, como tal, as demandas devem ser analisadas sob a perspectiva do desenvolvimento da cidade nos diversos aspectos: social, urbano, ambiental e econômico. Nesses fóruns são apresentadas as etapas de participação popular e as regras do Orçamento Participativo, aprovadas pelo Conselho do OP, mobilizando as lideranças locais para as plenárias microrregionais. Participam desta etapa delegados do OP das edições anteriores, representantes da sociedade civil nos conselhos locais (escola, saúde etc.) e organizações comunitárias (associações, movimentos etc.). O resultado desses fóruns é apresentado nas Plenárias Microrregionais, a fim de orientar o debate sobre as demandas da região. Com esses dados os moradores discutem suas propostas e decidem, por meio de votação, a sua ordem de importância.

Plenárias Microrregionais:
As Plenárias Microrregionais são os momentos de participação direta da população no Orçamento Participativo. As oito regiões administrativas da cidade são subdivididas em 14 microrregiões. Os moradores participam das plenárias de acordo com a microrregião à qual seu bairro pertence. O objetivo das plenárias é debater as demandas que deverão ser priorizadas nos orçamentos dos próximos dois anos, tendo como orientação o resultado dos debates dos Fóruns Regionais Preparatórios. Esse é o momento em que os moradores podem apresentar diretamente suas propostas, debatê-las e decidir coletivamente sobre a ordem de prioridade (hierarquizar) de acordo com as necessidades regionais.

Delegados do OP representam cada região na definição de prioridades: Nas Plenárias Microrregionais também são eleitos os representantes da região que participam das etapas seguintes do ciclo. O total de representantes é proporcional ao número de moradores credenciados: a cada cinco moradores é possível eleger um delegado. Os delegados têm o papel de representar a sua região na definição das prioridades, não lhes cabendo alterar a hierarquização definida pelos moradores ou incluir novas demandas. Também compete aos delegados acompanhar e fiscalizar a execução das prioridades aprovadas, participando dos Fóruns Regionais, realizados para debate dos projetos e para prestação de contas.

Fórum municipal reúne delegados do Orçamento Participativo
: No Fórum Municipal, os delegados do Orçamento Participativo eleitos nas Plenárias Microrregionais elegem seus representantes, por região, para compor o Conselho Municipal do Orçamento Participativo (COP). Nesse momento, os delegados também passam a conhecer as demandas debatidas nas plenárias de cada microrregião.

Conselho Municipal fiscaliza execução do Orçamento Participativo: O Conselho Municipal do Orçamento Participativo é formado por quatro representantes de cada região, o que totaliza 32 conselheiros titulares; por representantes da Prefeitura (11 conselheiros); e um do Conselho Popular de Vitória, todos com seus respectivos suplentes. O conselho compreende uma instância de debate permanente e cabe a ele analisar as receitas e despesas do município e os critérios de distribuição dos recursos entre as regiões; homologar o plano de investimentos aprovado nos Fóruns Regionais de Delegados; acompanhar e fiscalizar a execução do OP; articular os Fóruns Regionais de Delegados; e avaliar e debater sobre a metodologia do OP.

Demandas do OP passam por análise técnica: Com base na hierarquização realizada nas plenárias, as equipes da Prefeitura realizam as análises técnicas e do custo estimado das demandas do Orçamento Participativo. Inicialmente, é avaliada a compatibilidade da demanda com a política de cada área, tendo em vista as diretrizes das políticas setoriais debatidas pelos conselhos e conferências municipais específicas, que orientam a implantação da rede de equipamentos e serviços e o ordenamento urbano da cidade, bem como os planos ou estudos setoriais disponíveis (Plano Diretor de Macrodrenagem, Plano Municipal de Redução de Riscos, Plano Diretor Urbano, Plano de Desenvolvimento Local Integrado das áreas ocupadas por população de baixa renda etc.). Posteriormente, são realizadas visitas técnicas, imprescindíveis para a análise de viabilidade que considera, além das normas e legislações que orientam o planejamento e a organização do espaço urbano, questões como a compatibilidade do equipamento com as dimensões e características do terreno e sua localização, de forma a permitir o melhor acesso da maioria da população da região. A análise da capacidade de execução, considerando o custo estimado da demanda e a disponibilidade orçamentária anual do município para assumir novos investimentos, também orienta a definição das prioridades a serem incluídas no orçamento. Considerando que os recursos financeiros são sempre limitados para atender a todas as demandas da população, a definição do plano de investimentos do OP deve ser mediada por critérios que visam à promoção da justiça social, que contribuam para a melhoria das condições de vida das populações historicamente excluídas e para o desenvolvimento da cidade com equidade e oportunidades para todos. Dessa forma, as regiões da cidade foram analisadas a partir de indicadores de renda, escolaridade e habitação, que são importantes balizadores para direcionar a distribuição do volume de investimentos nas diferentes áreas da cidade, priorizando as com menor infraestrutura e que concentram populações com menor renda e condições precárias de habitabilidade.

Prioridades são definidas nos fóruns regionais do OP
: É a última etapa da fase de elaboração do Orçamento Participativo. Nesses fóruns, realizados em cada uma das oito regiões administrativas, os delegados do OP definem as prioridades que serão incluídas nos orçamentos dos anos subsequentes. Para essa definição é necessário considerar a hierarquização das prioridades realizada nas plenárias microrregionais, as análises técnicas e a disponibilidade orçamentária para cada região, tendo em vista os critérios de distribuição dos recursos.